Algumas lições sobre o avanço global da indústria agro

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Reuters

Agropecuária representa, hoje, 25% da força de trabalho global

Das vinícolas na Costa Oeste dos EUA, passando pelo Meio-Oeste, o que se vê são paisagens ricas em milho e tudo mais que a agricultura e pecuária permitem. Mas não é somente nos campos norte-americanos que ocorre essa abundância. Na verdade, metade das terras habitáveis no mundo são utilizadas para a agricultura e pecuária. Do café da manhã à comida na mesa do jantar, tudo se originou das fazendas. Por isso, a indústria agrícola é um estudo de caso avançados.

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O impacto global requer responsabilidade global

A agricultura e pecuária são uma das maiores indústrias do mundo, empregando cerca de 25% da força de trabalho global. Com isto, vem a responsabilidade: tudo o que o homem faz tem um impacto. Aqueles que trabalham na agroindústria — ou em qualquer indústria — precisam abraçar e aceitar plenamente essa responsabilidade. As necessidades do mundo, e as dos produtores rurais, estão mudando e continuarão a mudar.

A demanda está crescendo, os custos de produção continuam aumentando e, ao mesmo tempo, a mão-de-obra e outros recursos vêm se tornando cada vez mais escassos. Combine isso com o impulso para melhorias de sustentabilidade e um foco na pegada de carbono, e a indústria agrícola desponta como pioneira em mudanças que fazem sentido não somente para os produtores, mas para a sociedade em geral. A verdade é que são eles os administradores das terras e, para que se possa continuar a apoiá-los da melhor forma, é preciso levar em consideração a evolução desses fatores.

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Foco na inovação com propósito

A inovação há muito tempo desempenha um papel fundamental na agricultura e pecuária. É preciso considerar o seguinte: há mais de 100 anos, o trator substituiu o cavalo. Agora, as empresas estão numa jornada rumo à automatização dessa mesma máquina.

Trabalhar em estreita colaboração com os agricultores e pecuaristas permite que os líderes da agroindústria percebam a urgência de serem pioneiros em mudanças. As empresas agrícolas devem assumir a responsabilidade de inovar propositalmente. É preciso botar em marcha ações pequenas e grandes que garantam retorno para os produtores rurais.

O mundo não deve, como missão, mais abrir novas terras agrícolas, muito menos de forma ilegal. Por isso, no final das contas, é preciso tirar mais proveito do que já existe para alimentar a crescente população mundial. A natureza colaborativa da inovação em toda a indústria agrícola é um fato. E para quem trabalha em qualquer setor, é recomendável sair da bolha e conversar com quem consome ou usa seu produto. Talvez ainda mais importante, passar algum tempo com o consumidor.

Abrir olhos e mentes com a colaboração de todos os profissionais do setor é o futuro do desenvolvimento de produtos. Ao garantir que a inovação seja um foco, tratando-a como um princípio e disciplina empresarial, os líderes da agroindústria podem fazer mudanças positivas. Com isso, é possível desbloquear e apoiar melhorias de produtividade e sustentabilidade para as gerações futuras.

A tecnologia serve para impulsionar a inovação

Tal como os primeiros avanços do passado moldaram o futuro da produção rural, a agroindústria continua a desenvolver-se estrategicamente. À medida que ela avança, funcionalidades que antes eram puramente mecânicas e hidráulicas tornam-se câmeras e sensores de alta tecnologia, inclusive com centros de tecnologia digital em todo o mundo e engenheiros compilando dados, sintetizando-os e casando-os de modo agronomicamente pensado.

Nos últimos cinco a dez anos, a adoção de tecnologias tem sido progressiva, sendo as operações de maior dimensão normalmente as primeiras a adotar tecnologias mais recentes. Agora, essas inovações estão sendo exigidas rotineiramente em todos os níveis, e a geração que hoje entra na agropecuária é quem as impulsionará. Essa geração cresceu com conectividade instantânea e toneladas de dados; confiam na tecnologia e esperam resultados. A geração anterior não tinha certeza se precisava mesmo disso; hoje, é um requisito absoluto.

Um produtor de milho atualmente, por exemplo, consegue percorrer a lavoura em certa velocidade e planta 30 fileiras com milhares de sementes por segundo numa profundidade prescrita, tudo isso com tanta precisão que ele poderia lançar a semente por um centavo. A automatização dessas funções permite que um agricultor obtenha mais da sua colheita, utilizando ciência e tecnologias de que nem se ouvia falar há uma década.

A tecnologia permite muitas funções em uma operação, desde um mapeamento melhorado da produtividade até a capacidade de aplicar pesticidas e herbicidas apenas quando necessário. Ter um registo digital de tudo o que entra e sai do solo é ferramenta inestimável para os produtores rurais, à medida que planejam os seus ciclos agropecuários ano após ano. É uma ciência, um processo baseado em dados que facilita a eficiência e otimiza os resultados para o produtor e, em última análise, o que ele pode fornecer à sociedade.

Colaboração e educação preparam o caminho

Para olhar para o futuro, é muito importante refletir sobre o passado — e não há indústria mais adequada para isso do que a agricultura e a pecuária. Embora cada setor enfrente seus próprios ventos contrários, há tendências que permeiam todos: inovação e evolução. No agro não é diferente. A agroindústria serviu durante muito tempo como um barômetro de saúde e estabilidade para os negócios em todo o mundo, e não há dúvida de que continuará a servir.

A colaboração é fundamental. Os produtores e os membros da comunidade agrícola recorrem a soluções de que necessitam para realizar o trabalho de forma eficiente e eficaz. E o trabalho precisa ser feito. É responsabilidade do agro construir a base das soluções que não só criam um futuro de resultados repetíveis e sustentáveis, mas também incentivam a inovação e aliviam parte da pressão sobre aqueles que fazem o trabalho árduo.

A educação e a partilha de conhecimentos também são componentes importantes nesse processo, especialmente quando se trabalha para ajudar a garantir a segurança alimentar. Da próxima vez que passar por um campo de milho ou soja, lembre-se do compromisso dos agricultores com os avanços econômicos e de que fazem parte da mudança e inovação globais. Porque, no mundo todo, a responsabilidade sobre o futuro da agricultura é compartilhada por todos os setores da economia e sociais.

*Scott Harris, colaborador da Forbes EUA, é o presidente da Case IH e faz parte do Forbes Business Council, que reúne proprietários, fundadores e líderes de empresas nos EUA

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