Como perder dinheiro na Bolsa de Valores?

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Encare o mercado de ações como um vasto oceano, onde a calmaria das águas pode, de repente, ser substituída por uma tempestade turbulenta.

Começar pelo risco pode ser uma boa alternativa para analisar empresas do mercado acionário. Ao focar nas perdas, o investidor desvia sua atenção obstinada pelo lucro e faz dominar os pontos mais sutis da má gestão financeira, evitando armadilhas.

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Encare o mercado de ações como um vasto oceano, onde a calmaria das águas pode, de repente, ser substituída por uma tempestade turbulenta. Da mesma forma, eventos imprevisíveis, como desastres naturais, riscos fiscais ou conflitos armados, podem abalar as correntes do mar financeiro.

Até mesmo uma notícia aparentemente insignificante pode perturbar esse oceano, seja um ajuste mínimo nas taxas de juros ou uma inovação tecnológica revolucionária. Em meio a essas ondas, movem-se as correntes rápidas da negociação de alta frequência. No entanto, é exatamente nesse fluxo e refluxo que residem as maiores oportunidades – e os riscos mais significativos.

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Nesse contexto de mar revolto, pode-se observar como as fortunas podem mudar rapidamente e aprender a navegar por meio das tempestades sem naufragar. Veja três maneiras comuns pelas quais os investidores perdem dinheiro e como essas armadilhas podem te preparar para o futuro.

O líder carismático:

Em 1841, Charles Mackay escreveu um dos meus livros clássicos favoritos: “Delírios Populares Extraordinários e a Loucura das Multidões”. Este livro é uma jornada pela mente humana e pelas emoções que todos nós experimentamos, descobrindo as raízes da histeria em massa. Mackay revela um padrão de loucura coletiva levado à ruína financeira. Muitas vezes, os investidores são enganados por mentiras contadas pelo próprio mercado.

Nessa narrativa do livro, retrocedemos até novembro de 2022 e observamos mais de perto o colapso da FTX, uma gigantesca bolsa de criptomoedas, e seu criador, Sam Bankman-Fried.

Antes reconhecido como o prodígio das criptomoedas, Bankman-Fried foi o responsável pela gestão descuidada dos ativos dos clientes, o que causou uma retirada em pânico que a plataforma não foi capaz de suportar.

Na obra de Charles Mackay, esta história ilustra como a tentação de grandes lucros e um líder carismático e aparentemente visionário podem fazer com que até mesmo os indivíduos mais perspicazes percam de vista a realidade. A ascensão impressionante e queda de Bankman-Fried é um lembrete sombrio de que nenhum grau de inteligência pode resistir ao fluxo avassalador da ilusão popular. Mais uma vez, a loucura das multidões não poupa ninguém, já que personalidades notáveis e investidores perspicazes como Tom Brady e Softbank foram arrastados pelo frenesi.

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Pensamento em grupo:

Em 2020, a Wirecard, uma empresa de pagamentos que era bilionária, viu seus papéis desabarem 99% e transformou-se da noite para o dia em um dos maiores escândalos financeiros da história da Alemanha. A empresa adulterava seus documentos contábeis e prometia um aumento de 500% no lucro até 2025. A trágica história da Wirecard dá vida ao pensamento de grupo e aos seus perigos financeiros, mostrando uma armadilha psicológica que leva até mesmo as pessoas mais inteligentes a cometerem erros coletivos.

No mesmo ano, nos Estados Unidos, a marca chinesa Luckin Coffee, considerada uma concorrente promissora da Starbucks devido às afirmações de revolucionar a cultura do café na China, foi retirada da listagem após uma queda desastrosa nas ações, quando veio à tona que grande parte de suas vendas eram falsas.

A atração de uma história cativante e o eco da empolgação dos investidores podem fazer com que percamos sinais de alerta óbvios. Esses exemplos demonstram claramente os perigos de seguir a multidão e a importância de conduzir sua própria pesquisa.

Investimento do futuro:

Considere isto: Em setembro de 2020, uma história notável veio à tona, exemplificando a ‘mentalidade de rebanho’ que pode dominar o mercado de ações. A Nikola Motors prometia transformar o negócio de carros com automóveis elétricos e movidos a hidrogênio. A Nikola não apenas vendia carros; ela vendia uma visão para o futuro, e investidores de todo o mundo estavam prontos para participar dessa aventura revolucionária.

Mas uma realidade muito diferente se escondia sob a superfície da inovação e valorações astronomicamente altas. O fundador, Milton Trevor, afirmava que a Nikola já estava produzindo hidrogênio, e que essa produção tinha um custo reduzido. No entanto, não havia sequer investimentos na operação. Da mesma forma, a Nikola informava que já estava desenvolvendo baterias e outros componentes de ponta, mas esses itens eram comprados de terceiros. O fundador da Nikola Motors apresentava ao mercado uma versão da empresa que não correspondia à realidade.

A notícia chocante serviu como um severo alerta sobre os perigos de investir em uma mentalidade de rebanho. Sem evidências sólidas, mesmo as iniciativas mais promissoras podem ser pouco mais do que miragens. Na pressa para investir, não devemos perder de vista a realidade. Esses quatro exemplos atraíram muito dinheiro dos investidores.

Investimento emocional:

O viés de buscar ou interpretar dados de maneira que apoie visões ou teorias anteriores é chamado de viés de confirmação. Quando investidores veem histórias ou estatísticas que respaldam seus investimentos ou opiniões de mercado, podem ignorar histórias ou dados que mostram o oposto.

O viés de super confiança faz com que os investidores assumam riscos desnecessários na negociação. Há o risco de que os investidores depositem muita confiança em sua própria experiência e capacidade de prever como o mercado se comportará. Muitos colocam sua confiança na expertise.

Dar muito peso à primeira peça de dados (o “âncora”) vista ao tomar uma decisão é conhecido como viés de ancoragem. O que isso significa para os investidores é que o desempenho passado pode importar mais do que os fundamentos presentes ou futuros ao decidir se devem comprar uma ação. É uma característica comum entre novatos e profissionais.

O princípio de que os indivíduos preferem não perder dinheiro do que ganhar a mesma quantia é conhecido como aversão à perda. Como resultado, os investidores podem “travar” ganhos vendendo ações vencedoras muito cedo e mantendo ações perdedoras por muito tempo na esperança de recuperar o prejuízo.

Reconhecer e superar seus próprios preconceitos é tão importante quanto conhecer seus números. Quando os investidores permitem que suas concepções influenciem suas decisões, o mercado se torna um campo de batalha psicológico. A chave para o sucesso pode estar em reconhecer esses vieses e agir de acordo.

Invista como Warren Buffett:

Em nossa busca por ganhos rápidos no mercado de ações, muitas vezes negligenciamos a sabedoria da paciência. Considere Warren Buffett, a personificação da paciência nos investimentos. Ele não está perseguindo o dinheiro rápido; ele está em busca de valor – empresas subvalorizadas, mas ricas em potencial de longo prazo. Lucros constantes, fluxo de caixa positivo, dívida mínima. Simples, mas profundo. Seu método? É a diligência. Ele mergulha profundamente na essência de uma empresa, além dos números, até suas operações essenciais e liderança. A mensagem? Diminua o ritmo. Olhe mais de perto. O segredo do sucesso nos investimentos não está na rapidez das suas decisões, mas na profundidade e compreensão delas. Não sejamos investidores precipitados, mas sábios, aprendendo com o mestre ele mesmo.

(Traduzido por Poliana Santos)

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